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Brainwritingstorming 635


No século I a.c., o general romano Pompeu, encorajava marinheiros receosos, inaugurando a frase “Navigare necesse, vivere non est necesse”. Muito tempo depois, o poeta Fernando Pessoa a transformou em "Navegar é preciso; viver não é preciso".


Viver não é preciso; inovar também não! Ambos são necessários (Obs.: o “preciso” dessa frase é sinônimo de “exato”). Notas de engenheiro à parte, o que há de “preciso” - nesse caso no sentido de necessidade - é ter ideias. Agora, posso soltar meu lado poético e confundir vocês, como fizera a poesia de F. Pessoa comigo: “Inovar não é preciso; ter ideias é preciso”. Rerere: gostaram?


Ainda muito jovem - Julho de 2019 -, escrevi a aula condensada Conduzindo um brainstorming, um daqueles encontros em que exploro as ferramentas de auxílio à criatividade. Só que revendo aquele texto, e depois de algumas práticas de brainstorming, percebi falhas que a “tempestade de ideias” pode conter e induzir e, na realidade, matar potenciais big ideas que estavam por brotar. Aí fiquei encucado: será que existem aprimoramentos para este método?


Vasculhando a Web e tendo em mente que um poeta libera todo o seu potencial criativo através da escrita - assim como faz nosso aprendiz GBB-San -, procurei por técnicas de criatividade associadas à pena e ao papiro, e encontrei o método Brainwriting.


Hoje apresentarei (a quem não conhece, claro) este método, que para mim é uma evolução do brainstorming. Afinal, escrever é preciso.


Brainstorming


Do artigo Conduzindo um brainstorming, trago seus princípios:


  • Quantidade ao invés de qualidade. Um navio não deve navegar em alto mar com uma âncora apenas. Não tente resolver um grande desafio ancorado em uma única ideia. Quanto mais ideias forem lançadas, maiores serão as probabilidades de se encontrar boas ideias nesse montante.

  • Adie ao máximo os julgamentos. A figura (com as linhas em vermelho e verde) resume o que quero dizer. A pressa em julgar pode sugerir que a reta verde é maior do que a vermelha. Messam e vejam como atuam nossos vieses “atrapalhantes”.

Vieses “atrapalhantes”: qual das linhas horizontais é a maior?


Com estes dois princípios em mente, faça o seguinte:

  • Tenha um tema definido, uma ordem imaginada ou uma JTBD, Job To Be Done!

  • Abrace as tolices. Portanto, ria mas incentive.

  • Delimite os tempos para cada rodada. O time tem de saber que o tempo é escasso.

  • Conte com um facilitador. Um gerente com um relógio na mão é o suficiente.

  • Trabalhe com um grupo heterogêneo. Quanto mais cabeças, maiores as viagens!

  • Esteja à vontade, mas permaneça vestido.

  • Registre tudo rapidamente. Aqui o importante não é ter letra bonita. Se for mais fácil, use um PC.

  • Reduza tudo aos princípios fundamentais. São indiscutíveis e formarão a base de suas soluções. Vide Criando inovação através do pensamento por princípios e sintam o poder desse método.

Olhando para os princípios e a abordagem, parece um método perfeito e amistoso para fazer nascer ideias livres, né não? Entretanto, exercitando minha projeção astral e olhando friamente para GBB-San conduzindo brainstormings: professor titular da disciplina, quase dois metros de altura, barba grisalha, voz de barítono desafinado, 52 anos - dos quais 18 lidando com empreendedorismo inovador - e ainda sendo o cara que lança as notas no SIGAA, fico pensando se os alunos se sentem à vontade pra avançarem ideias malucas (portanto, necessárias para a inovação) “livremente”, com o mínimo de constrangimento também perante a turma, por mais que eu estimule isto. O viés “atrapalhante” do estereótipo “modo teacher” ainda é demasiado intenso em nossa cultura. Necessário em algumas situações e desnecessário em outras, o que dá uma discussão danada… Percebi então que o termo “livre”, adjetivo primordial para se ter ideias poderosas, torna-se relativo. Vamos ao brainwriting para saber se é possível remediar isto.


Brainwriting


É o irmão mais novo e silencioso do brainstorming, no qual as ideias são expostas de forma escrita, não falada. Sacaram onde podemos chegar?


Nesse método, de fato, ninguém é sujeito a críticas de suas ideias enquanto o está executando. Em segundo lugar, o background não importa: títulos, especializações, condecorações, número de filmes vistos na Netflix ou episódios de Jojo's Bizarre Adventure, não incrementam seu poder de criatividade, assim como cargos. O modo teacher, ou modo chefe, assim como a pressão por pares, cai por terra. E três: ser introspectivo ou espalhafatoso não gera desvantagem ou vantagem, respectivamente, quando a maioria dos condutores de brainstormings preferem aqueles(as) que chamam mais a atenção. Pode-se convergir e divergir, de fato, livremente e sem vexames!


Brainwriting 635


Fazendo uma tradução livre do texto que encontrei no Wikipedia para Brainwriting, temos mais ou menos isto:


“É composto por 6 participantes (supervisionados por um moderador) que devem escrever 3 ideias em uma planilha específica em 5 minutos. Dessa forma, “6-3-5” explica a etimologia que deu os números ao método. O resultado após 6 rodadas, durante as quais os participantes trocam suas planilhas e as passam para o membro da equipe sentado à sua direita, são 108 ideias geradas em 30 minutos”. E tudo sem influência e sem vieses “atrapalhantes”.

Planilha Brainwriting 635 de Asdrolfo


Cada um dos 06 participantes pega uma planilha e põe seu nome nela. Assim, o tímido estagiário Asdrolfo, que faz parte da equipe “Belos nomes”, nomeia sua planilha e lá coloca suas 03 ideias em 05 minutos. Feito isso, ele passa sua planilha à extrovertida diretora Beneditilda, à sua direita, cuja planilha - já com seu nome e suas 03 ideias escritas - faz o mesmo passeio, sendo entregue à programadora Cleoniltem. E o barco segue. Ao final de 30 minutos, e após 06 passagens, teremos 108 ideias depositadas nas 06 planilhas, que também podem ser eletrônicas e disponibilizadas em nuvem. Dá para fazer isso online.


Observe que as 03 primeiras ideias de cada um são originais, pois acontecerão simultaneamente, ou, em momentos de baixa inspiração, pode-se desenvolver ideias baseadas nos escritos dos integrantes do grupo, e tudo free pressure (livres de pressões dos pares e do chefe). Estresse zero.


Este processo pode ser repetido diversas vezes, até que o grupo decida que a coisa tá suficientemente refinada.


Brainwritingstorming 635: a evolução do Brainstorming!


Agora sim: cabe ao moderador, o designer Giedastor, juntar tudo em um quadro (ou arquivo eletrônico), discutir em conjunto cada uma das ideias e avaliá-las, reunindo as melhores e eliminando as que são impraticáveis. Com a quinta-essência das ideias em mãos, as remanescentes, inicia-se um brainstorming convencional digno daqueles filmes que mostram salas de situação com super-espiões, generais e estrategistas definindo o que fazer antes do filme acabar. A execução correta do brainwritingstorming leva o brainstorming a outro nível!


Finalizando…


A evolução sempre deixou claro que se a mudança orgânica é mais lenta do que a do ambiente, a espécie está com os dias contados. Inspirado por esta máxima natural, Jack Welch, lendário CEO da GE, cunhou a frase: “Quando o ritmo de mudança dentro da empresa for ultrapassado pelo ritmo da mudança fora dela, o fim está próximo”.


Trocando em miúdos, o mundo natural pede para que nos adaptemos à natureza. O pedido do mundo “artificial” é que inovemos. Pode-se ter ideias e não inovar, mas não se pode inovar sem ter ideias. Técnicas para aguçar a criatividade existem aos montes. Essa é apenas uma a qual, inclusive, é uma evolução do brainstorming convencional, capaz de reduzir bastante - ou mesmo eliminar - o estereótipo do “chefe”. E observem: continuou simples, eficaz e precisa. Portanto, “Fazer brainwritingstorming é preciso. Inovar é necessário”!




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