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Hipótese da Máxima Inclusão Social


Domingão, passando um olho em minha Bug list (lista de ideias e ACs que mantenho no bloco de notas do celular), com baixa perspectiva de escolha de um tema empolgante para a tradicional AC da quarta-feira, abro o Telegram e deparo-me com o artigo Teoria de Inovações Criadoras de Mercados (ICM), enviado ao grupo Advisors do IncaaS por meu amigo Augusto Fonseca. Ao lê-lo, senti “uma porrada na sensibilidade empreendedora”, e escrevi: “Você me deu uma referência e um lugar para onde posso jogar minhas teorias. E claro, o mote para o próximo artigo”. Então, além de mim, vocês podem culpar Augusto pelo que escreverei adiante, coisas que já havia colocado em algumas das 164 ACs anteriores, e que, inspirado na ICM, chamarei de Hipótese da Máxima Inclusão Social (HMIS).


A ideia da HMIS é de apenas compilar pensamentos veiculados nas ACs Tilápia da Inovação e Terão as empresas que se transformar em centros de capacitação? em uma única opinião, sobre passos a serem tentados pela Sociedade. Acredito ser um bom caminho para redução da pobreza e, por consequência, melhoria da qualidade de Mundo.


Conceitos necessários


Para não atuar de forma endógena na elaboração de minha hipótese, coletei premissas basilares de fontes externas à minha pessoa, e que são de entendimento comum. Resumindo, fui pra Web.


Premissa. Ponto ou ideia de que se parte para armar um raciocínio.


Hipótese. Proposição que se admite, independentemente do fato de ser verdadeira ou falsa, como um princípio a partir do qual se pode deduzir um determinado conjunto de consequências.


Inclusão social. “(…) conjunto de medidas direcionadas a indivíduos excluídos do meio social, seja por alguma deficiência física ou mental, cor da pele, orientação sexual, gênero ou poder aquisitivo dentro da comunidade. Dessa forma, o objetivo dessas ações é possibilitar que todos os cidadãos tenham oportunidades de acesso a bens e serviços, como saúde, educação, emprego, renda, lazer, cultura, entre outros”. (Politize)


Pirâmide de Maslow. “Define cinco categorias de necessidades humanas: fisiológicas, segurança, afeto, estima e as de autorrealização. Esta teoria é representada por uma pirâmide onde na base se encontram as necessidades mais básicas pois estas estão diretamente relacionadas com a sobrevivência. Segundo Maslow, um indivíduo só sente o desejo de satisfazer a necessidade de um próximo estágio se a do nível anterior estiver sanada, portanto, a motivação para realizar estes desejos vem de forma gradual”. (Entendendo...).


Sociedade. “Em sociologia, uma sociedade (do termo em latim societăs, que significa ‘associação’) é um grupo de indivíduos se relacionando, a fim de conseguir e preservar seus objetivos comuns. Os objetivos comuns, compartilhados pelos membros da sociedade, são os próprios objetivos da sociedade, ou seja, o bem comum”.


Mercado. “Todo o processo de interação humana de troca voluntária de bens e serviços. Estes não se configuram somente como espaços físicos onde agentes econômicos, vendedores e consumidores, se encontram para realizarem operações de compra e venda através uma unidade monetária: são o próprio processo que conduz a esse resultado, que pode ocorrer em qualquer lugar, físico ou virtual, e incidir sobre todo o tipo de bens ou serviços transacionáveis”.


Microcrédito. Conceito desenvolvido pelo Prof. M. Yunus, agraciado com o Nobel da Paz de 2006, “designa uma variedade de empréstimos cujas características comuns são: serem de pequeno valor; direcionados a um público restrito, definido por sua baixa renda ou pelo ramo de negócios, que usualmente não têm acesso às formas convencionais de crédito; voltada a microempreendedores informais”. O Prof. Yunus criou então o Banco Grameen, que empresta sem garantias nem papéis, sendo, sobretudo, procurado por mulheres (97% dos 6,6 milhões de beneficiários). A taxa de recuperação (isso é muito importante para nossa hipótese) é de incríveis 98,85%! Brabo, né não? No Brasil, “Apesar de ainda ser muito pouco difundido, e de estar enfrentando obstáculos burocráticos à sua expansão, o microcrédito no Brasil, para os que puderam obtê-lo, tem-se revelado um sucesso. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas, feito com 175 empresários de Heliópolis (SP), revelou que em dois anos aqueles que tiveram acesso ao microcrédito viram suas vendas crescerem 60% em comparação a quem não teve acesso ao financiamento”.


Telefone celular e Internet. “aparelho de comunicação por ondas eletromagnéticas que permite a transmissão bidirecional de voz e dados utilizáveis em uma área geográfica que se encontra dividida em células (de onde provém a nomenclatura celular), cada uma delas servida por um transmissor/receptor”. Segundo dados do IBGE, quase 80% dos brasileiros tinham essa ferramenta em 2020, e um pouco mais do que isso têm Internet em casa.


O celular como chave de inclusão


Imaginem um projeto em pequena escala. Alguma esfera governamental (federal, estadual, municipal), que chamarei de .GOV, encabeçaria a proposta e decidiria por entregar um celular com aplicativos específicos (App) a classes vulneráveis da Sociedade, escolhidas com base em critérios da secretaria responsável por isso. Os critérios varreriam desde analfabetos a pessoas com deficiências, passando por gente em situação de rua etc., não limitados apenas aos abaixo da linha de pobreza (vide projeto do Nobel Yunus). Nomearei o celular da inclusão por Cinc e a secretaria por Sec.Gov. Do lado do cidadão, que chamarei daqui para frente de cliente, a coisa teria de ser voluntária. Uma plataforma para inclusão com interface ultra-amigável (Platinc), cuja base seria a Sec.Gov, implementada por equipes multiprofissionais (EqMulti) conduzidas por escolas de qualquer nível (batizarei de .EDU) ou produzidas por EdTechs, desenvolveria Apps e os instalaria nos Cinc, contendo instruções em formato de vídeos curtos, sobre higiene pessoal, educação cidadã e empreendedora, pontos de acolhimento (albergues, serviços de saúde, locais de alimentação, nutrição, preço de cestas básicas etc.) e o fundamental: aulas sobre microcrédito. O recurso para sustentar toda essa cadeia poderia ser misto: doações, rubricas do .GOV e via renúncia fiscal de empresas, as quais recebem o rótulo de .COM. Não custa reforçar que as EqMulti são dotadas de pessoas (voluntários, bolsistas, estudantes, professores, empreendedores etc.) em condições plenas de orientar os clientes com interesse em qualquer assunto. Os próprios auxílios sociais poderiam ser disponibilizados via Cinc e, através da EqMulti, guiados a usos mais eficientes ou, em um nível mais avançado de orientação aos clientes, como garantia para microcréditos. A Platinc conteria uma Fintech associada a algum banco oficial, e seria a responsável pela gerência de todas as transações negociais. Juntando tudo, essa ação seria também um belo teste de validação para a teórica Tríplice Hélice, que supõe a inovação ampla com base na sintonia entre três entes (.EDU, .COM, .GOV.), além de abrir uma miríade de empregos e campos de estudos para os envolvidos com a Platinc.


A Hipótese da Máxima Inclusão Social (HMIS)


“Sustento a tese da ‘inclusão máxima’, na qual defendo que o mundo será um lugar justo quando as palavras ‘Sociedade’ e ‘Mercado’ forem utilizadas como sinônimos, de modo que cidadão e cliente sejam termos intercambiáveis”. (GBB San, outubro de 2019).


Na verdade, uma hipótese. Voltemos às premissas apresentadas (Pi):

  1. P1. As necessidades humanas fisiológicas são primordiais

  2. P2. Vivemos em um sistema capitalista

  3. P3. Mercado: todo o processo de interação humana de troca voluntária de bens e serviços

  4. P4. Sociedade: indivíduos se relacionando a fim de conseguir e preservar objetivos comuns

P1 (fisiologia) diz que todos nós temos desejos. Por estarmos imersos em P2 (sistema capitalista), elas só serão contempladas via P3 (Mercado), desde que respeitemos as regras culturalmente estabelecidas em P4 (Sociedade). Portanto, a melhor forma para que um indivíduo tenha acesso a bens de consumo básicos disponíveis no Mercado e também seja percebido pela Sociedade se dá por meio do conhecimento de sua existência. A melhor ferramenta para isto é o celular.


Hipótese: HMIS. “no limite em que a tecnologia tende ao infinito - torna-se ubíqua e pervasivamente disponível -, o Mercado tende a abarcar toda a Sociedade; por consequência, qualquer cliente, por inclusão, passa à categoria de cidadão. Mercado e Sociedade tornam-se sinônimos. Cliente e cidadão passam a ser indistinguíveis. Quem não estiver no Mercado, não estará na Sociedade”. A figura mostra a hipótese em forma de equação e gravura.

A tecnologia estenderá o Mercado aos limites da Sociedade, sem deixar qualquer um escapar.


Finalizando…


Talvez a Teoria de Inovações Criadoras de Mercados já contemple a Hipótese da Máxima Inclusão Social. Talvez eu esteja "chovendo no molhado” ou tentando extrair o sublime do óbvio. Entretanto, proponho apenas que se comece algum exercício simples, de possível realização. Há algum tempo atrás implementamos ações nesta linha, junto a escolas públicas com a EdTech Scholae e desenvolvendo uma moeda social com a Fintech Ezydoo, todas filhas da inPACTA, o que mostra ser factível. Acredito que o empreendedorismo pode ser o método e o celular a ferramenta para a inclusão social. Em minha opinião, quem não for inserido no Mercado seguirá excluído da Sociedade. Esse é o mote que deveria sustentar o ainda ilusório empreendedorismo social, do qual dependerá a qualidade de mundo que pleiteamos. Uma ação como esta poderia ser a semente para alcançar-se a máxima inclusão social e dar o brevê de empreendedor ao Estado.

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