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Forjando o perfil empreendedor


“Jogo poeira nos olhos

Que é prá me aventurar

Caminhei muitas léguas sem lei nem trégua

Que possa lembrar

Procurando amor puro

Que é em porto seguro que eu vou sossegar”


Poeira nos Olhos (1989)

Rosa Maria


Ninguém pode dizer que não comecei esta aula condensada de modo inusitado. Vamos então ver no que dá e se consigo “linkar Poeira nos Olhos, entropia e criatividade com a coluna Empreendedorismo Inovador, e usar para forjar perfis com essa miscelânea.


O estímulo a este texto veio de bate-papos profissionais ou casuais, ao encontrar pessoas, amigos, colegas, alunos etc., nos quais o tema “startup” vem à tona: “não tenho criatividade” e, por consequência, “não tenho como empreender”. Dois vieses bem incrustados em nossas mentes. Vamos ver se estas coisas se sustentam.


Sobre entropia


Antes de falarmos sobre a falta de criatividade - e por ser engenheiro - prefiro recorrer aos conceitos da física clássica do que aos da psicologia. Sinto-me mais confortável, o que contribui para reduzir a probabilidade de gafes. Dito isto, puxo lá da Wikipedia:


“A entropia(...) cuja unidade é joules por kelvin [J/K], é uma grandeza que mede o grau de liberdade molecular de um sistema, e está associada ao seu número de configurações (ou microestados), ou seja, de quantas maneiras as partículas (átomos, íons ou moléculas) podem se distribuir em níveis energéticos quantizados, incluindo translacionais, vibracionais, rotacionais, e eletrônicos. Entropia também é geralmente associada a aleatoriedade, dispersão de matéria e energia, e "desordem" (não em senso comum) de um sistema termodinâmico”.


Parece uma definição complicada, mas o hábito acadêmico exige que se referenciam as coisas, o que não me impede de partir para exemplos simples. Pense então em um baralho de cartas comuns. Considere a posição de uma única carta (um ás de copas) como um microestado pré-definido. Admitamos que embaralhamos as cartas, colocamos elas bem organizadas em um pilha, e o nosso às ficou na terceira posição da pilha. Para não ter que entrar em um formalismo enfadonho, pergunto-vos: “Qual a probabilidade de você jogar este baralho, na formação em que está, para o ar e (1) ele cair arrumadinho e (2) com o ás de copas na terceira posição?”. A pergunta pode ser fisicamente refeita: “Qual a probabilidade de o ás de copas ocupar o mesmo microestado inicial?”.


A entropia garante que este valor é praticamente zero! Ou seja: todo sistema tende a aumentar sua entropia, seu estado de desorganização, quando é perturbado. Voltar ao estado original exige um grande consumo de energia. Assim, se um sistema simples como um baralho não pode repetir facilmente seus microestados, por que é que você acha que seu cérebro pode? Se igualarmos uma ideia a um microestado, chegaremos a conclusão que é entropicamente impossível achar um cérebro não criativo, com “ideia fixa”, já que é impossível repetir estados. Faça um teste: escreva 20 palavras em um papel, guarde-o em algum lugar, levante-se, tome um gole d'água e depois volte. Pegue outro papel e, sem olhar para seu texto original, sente-se e tente reescrevê-lo, com as mesmas palavras e na mesma ordem. Garanto que o esforço para exprimir a mesma ideia original será baixo, ao contrário do esforço para repetir as mesmas palavras com o mesmo encaixe. Isto é a entropia atuando. Isto é sua criatividade falando. Agora que sacamos sobre entropia(desordem), tão necessária à quebra do status quo e à Inovação, vamos hablar sobre criatividade.


Sobre criatividade


Como evidenciado nesse experimento simples, nosso cérebro é flexível e tem problemas com autoridade, nesse caso, nós mesmos. Ele é inerentemente criativo. Podemos aprender qualquer coisa a qualquer tempo, desde que haja atitude. Às vezes, em alguns momentos, carecemos de processos para transformar ideias em algo concreto; temos dificuldades de nos guiarmos pela entropia. Para estes momentos difíceis, é preciso lançar mão de métodos que estimulem a criatividade. Você pode começar pelas aulas condensadas já trabalhadas aqui: (1) Como criar criatividade , (2) Criando inovação através do pensamento por princípios, (3) Abstração (des)estruturada: a fonte para inovações de ruptura! (Parte I), (4) Abstração (des)estruturada: a fonte para inovações de ruptura! (Parte II), (5) Agora, até foguete dá ré!, (6) Reconstruindo os negócios e as mentes, (7) Preparando-se para o futuro iminente, (8) Novos negócios, novos postos de trabalhos!, (9) Para o que você não foi formado?, (10) Você já ouviu falar em H.A.?, (11) A Inovação e a Arte do Improviso, (12) Smart Little People: mergulhando no problema (), (13) O Anti-Sistema: gerando ideias para startups em 60 segundos, (14) E se eu fosse montar um negócio, por onde eu começaria?, (15) Destruição Criativa: promova ou seja uma! (), (16) Tendências de evolução e (17) Preparando-se para o futuro iminente, ou buscar outras boas fontes Web afora.


Depois de trabalhar as ideias, indico alguns processos simples para ajudar a concretizá-las: (1) Brainwritingstorming 635, (2) E quando o Canvas der errado…, (3) Criando spin-offs a partir de virtual twins, (4) Modelo de Negócio versus Modelo de Ideia e (5) Guia Definitivo do Empreendedor dessa Galáxia, onde exponho como montar qualquer negócio em sete passos. Apresentado este pequeno referencial teórico de aulas condensadas passadas, desculpas para criar ou tocar ideias não serão aceitas. Se a criatividade pode ser estudada, pode ser aprendida e aprimorada.


Empurrando os limites


Então, vos pergunto, GBB-San: “por que algumas pessoas têm tanta dificuldade em criar?”, e eu vos respondo: “porque tais viventes lutam contra a entropia, a desordem, o que é um gasto imenso de energia”. Tentar manter rotinas, necessário em muitos aspectos de nossas vidas, inclusive para que se aumente a eficiência de nossos processos pessoais, faz com que o cérebro entre na onda de apenas padronizar tudo, formalizar tudo, o que reflete em nosso potencial criativo. Por isto que as crianças são naturalmente criativas (entrópicas ou, se preferirem, desordenadas). Temos então que acessar nosso lado “desordenado” para que se possa aumentar nossa entropia e começar a criar.


O teste que propus acima é baseado em rotina pessoal. Muitas vezes escrevo um texto, vou fazer outra coisa e quando volto pergunto-me: eu escrevi isto? Em outro momento, acontece o contrário: penso numa frase supimpa, não anoto, depois tento replicá-la. Aí percebo que me lembro muito bem do sentido, mas não da ordem que havia proposto, e perco um tempão tentando escrever do mesmo jeito, ao invés de simplesmente só “deitar no papel” o sentido que já havia desenhado. Ou seja: fico lutando contra a entropia, contra a “desordem”, contra a criatividade, ao passo que apenas exprimir o sentido da frase original seria muito menos custoso, desde que não insistisse nas mesmas palavras e ordem.


Nosso problema não é o de criar, mas o de desenvolver processos que não aprisionem a entropia, a desordem, possibilitando o nascimento de novas ideias, o que acontecerá quando criarmos, calibrarmos ou destruirmos hábitos. A essa tríade eu dou o nome de Forjar.

Empurrando limites: descubra novas fronteiras ou volte para “toca”.


Forjar é diferente de forçar irreversivelmente


Você não precisa, na verdade, não deve criar hábitos de ruptura. Esta construção tem de ser incremental, de modo que se possa sempre voltar ao estado anterior caso não se sinta bem. Forjar é ter a atitude de criar um hábito, mesmo que pequenininho, por vez. Conduzir contra vontade é impor microestados de entropia "zero". É antinatural. Você tem de forjar seus hábitos de modo suave e reversível. Testar primeiro se deseja realmente fazê-los. Criar hábitos não é necessariamente fazer o que se gosta, mas o que se precisa, desde que se reconheça que trará benefícios. Atualmente, acordo às 4h30 da manhã pra ir caminhar, não porque ache bacana, mas por ser necessário. Depois de um mês, sinto falta quando não posso ir. Essa foi uma atitude incremental que pretendo ampliar paulatinamente. Esticar os limites de forma reversível é saudável, pois aí você começa a se conhecer e criar uma base para se ultrapassar, conhecer outros limites, outras fronteiras. A outra opção e voltar para estado inicial.


Forçar limites no modo ruptura, pode produzir traumas irreversíveis, e alimentar ojeriza até por bons hábitos. Muito me preocupa quando ouço conselhos do tipo “empreendedor tem de vender o carro, acabar o noivado, largar o emprego, contrair investimentos etc. etc. etc., com a justificativa de focar no negócio e se mostrar raiz”. Até que ponto isso não é uma tentativa de condução a microestados de entropia por força de pares, para responder a alguma demanda social desnecessária? Pessoas quando pressionadas, podem correr um grande risco de forjar um mindset fixo em uma única direção e não mais conseguir sair dele, entrar em looping, e não conseguir desenvolver outros potenciais de abstração para o resto da vida. O resultado é o sentimento de fracasso eterno. Enveredar por caminhos irreversíveis pode ser fatal.


Forjando o perfil empreendedor: jogando “Poeira nos olhos”!


Admitindo que o problema sobre a criatividade pode ser resolvido, é hora de dar outro passo: empreender.


Voltar a correr na orla foi uma “empurrada de limites” no modo incremental; posso parar a qualquer momento. Criar a plataforma IncaaS é um lance de ruptura; é o galgar novas trilhas. É, de fato, começar uma nova aventura empreendedora na qual rompo a parede dos limites construídos por mim mesmo. Dando certo, será irreversível. Com o IncaaS pretendo pegar as rédeas de meu cavalo interior, cavalgar por sobre os vieses, deixar a poeira bater em meus olhos e passar a sentir algo há muito esquecido por mim: o medo pelo incerto. A propósito: qual foi a última vez em que você voluntariamente fez algo que deu frio na espinha? Desejo que seja um amor puro, mas não espero um porto seguro e nem sossegar. O cavalo já partiu!


Como diria meu amigo, Fabiano Pezzi: Conquiste-se! E eu acrescento: depois Forje-se!


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